quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

your song to sing

"Maybe when your hair gets darker
maybe when your eyes get wide
maybe when the walls are smaller there will be more space.
Maybe when I'm not so tired
maybe you can step inside
maybe when I look for things that I can't replace."

Essa coisa de virada de ano faz a gente pensar em todas as coisas significativas do ano anterior e as coisas que quer no ano seguinte.
Eu descobri que todas as coisas estão exatamente onde eu gostaria que estivessem na minha vida, mas tambem descobri que nesse ano eu só queria não ter razão.
Eu trocaria todo esse orgulho e esperteza de ter razão, só pra ter a velha inocência de sentir o coração acelerar ao reconhecer as suas frases feitas. A inocência de chorar no banho quando algo dá errado, culpando só a mim mesma, porque os outros são perfeitos demais pra errar, só eu posso, só eu tenho de carregar esse peso.
Esse peso de ter perdido a canção mais bonita, de ter perdido o brilho dos olhos, o peso sobre o corpo, a calor no coração, a novidade da minha vida pra contar.
E tem esse peso, maior ainda, de fazer com que alguém perca a inocência em relação a mim, que pare de sentir o coração grande por saber que tem toda minha fé e inocência depositada ali, com todo o meu coração.
Esse ano eu queria aquele primeiro abraço apertado e demorado, pra gravar na memória o cheiro que me levaria pra casa, de qualquer lugar, em qualquer momento. Aquele elevador que não me meteu medo.
Queria pedir mais um abraço apertado pra me tirar o frio, ou pedir pra dividir o doce comigo depois de uma xícara de café com muito açucar. Aproveitar da intimidade de conhecer as mesmas coisas, de prever os mesmos erros, de dublar antecipadamente as mesmas falas.
Eu sei que com paciência poderiamos passar por tudo isso denovo, mas nunca mais faria sentido. Não sem a inocência.
A verdade é que agora você não é mas a sintonia certa pro meu rádio e eu só não sei mais o que ouvir. Só espero que você ainda saiba onde tocar e que ainda guarde toda aquela inocência pra alguém, porque, se não, nós temos dois grandes problemas aqui.


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Born to be wild.

Sabe, ela ainda chora por você. Mas não por sua causa, por cada parte despedaçada que você deixou nela. Por você. Pela sua solidão e crueldade.
Ela vê que você não tem nada, ninguém que se importe na manhã seguinte, ninguém que queira ver o seu bem, incondicionalmente, ninguém que te ame. Mas ela te amou. Com a inocência de uma criança que só ama e a selvageria de um bicho, que defende com unhas e dentes, mesmo quando racionalmente não deveria.
Aí você, no seu poço de frieza, de água congelada, se consola dizendo que Ah, ela nunca fez muito por você, mesmo, ela nunca se arriscou, e além de tudo, ela é selvagem, não é o tipo de animalzinho que você desfila na coleira. Ela nem é atraente pra valer o risco.
Eu sei de uma coisa que ela fez por você: mudou completamente.
Aquele animalzinho selvagem, que você prefere manter distância quando te lança um olhar arisco, passou por cima de todos seus instintos para te deixar aproximar, mesmo sabendo o tempo todo, que você tentaria domesticá-lo e quando falhasse diria que Ah, tudo bem, eu respeito a essência de cada um, mas prefiro me afastar.
E cada vez que você cruelmente se afastava, aquele parte inexplorada do mundo que ela abriu pra você, no mundo dela, se despedaçava e ela só tinha vontade de chorar, gritar ou te agredir se auto justificando com todas as falsas lembranças boas que você deixou. Mas ela nunca fez nada disso. Isso te faria sentir mal, e ela nunca se atreveria a te fazer sentir mal. Ela só pegava toda essa frustração pra cuidar dos seus problemas, já que de problema, você era o único que ela admitia ter. Você deveria se sentir mau, não mal, necessariamente.
Foi só isso o que ela fez por você: descer da geleira onde ela se fez rainha pra não se machucar, mesmo sabendo que de todas as pessoas do mundo você era a com maior potencial para machucá-la. Ela desceu lá de cima pra te amar de um jeito que você nunca tinha sido, como Mãe, como Mulher, como melhor Amiga de infância. De forma ingênua, plena e selvagem.
O maior erro dela foi não ter se dado conta a tempo de que o mundo não é tão cruel assim e que se você não tinha todo esse amor até então, havia um motivo: você não conseguiria suportá-lo.
Faz um favor pra todo o mundo, guarda essa sua coleirinha pra desfilar com quem se importe menos.
Quando você comprar um cachorrinho, vai entender.


terça-feira, 20 de julho de 2010

Matemática.

Idolo
s.m. Figura, estátua que representa uma divindade que se adora. / Pessoa à qual se prodigam louvores excessivos ou que se ama apaixonadamente: ele é o ídolo da juventude



Fato: a quantidade de ídolos que alguém tem é inversamente proporcional à probabilidade de ser feliz em um relacionamento.
Demonstração:
Quem nunca foi se deparou com uma pré adolescente beirando a histeria na presença de uma figura que idolatra, que atire a primeira pedra.
Quando somos projetos de gente, toda aquela coisa de contos de fadas, principes e coisas surreais soam muito bem. É a forma teoricamente saudável de nossos pais nos fazerem acreditar que o mundo tem alguma graça, I mean, que não é aquela coisa massante que eles já descobriram que é. [provavelmente no dia em que receberam a notícia da gravidez da qual você foi o fruto]
Depois começamos a tomar mais consciência de nós mesmos e perceber a improbabilidade, pra não dizer impossibilidade, em todas aquelas histórias bonitas. A menininha descobre que não há a possibilidade de beijar um sapo e ele se tornar um príncipe. É um dia devastador.
No intuito de se recuperar, começam a buscar coisas plausíveis e que soem tão bonitas como as histórias mentirosas. Ai ela acha! Acha uma pessoa que cause alguma emoção, que a faça acreditar que em algum lugar há alguém bem próximo da idéia do principe encantado, e que ele está ali, se mexendo, e não é mais um desenho da Disney.
É uma boyband, um ator de algum filme adolescente, qualquer pessoa real o suficiente para carregar suas espectativas e intocável o suficiente para nunca contrariá-las. But, that's ok, I mean, é só um escapismo adolescente completamente normal, right?
NOT! A admiração é normal, a histeria é perigosa. Muito. Aos poucos a menininha não é mais tão 'inha', começa a tomar consciência do mundo ao seu redor, do que espera e do que não suporta nele, e de alguma maneira já tem uma forma fisica idealizada e idolatrada para carregar sobre os ombros todo o peso de seus desejos e receios, sem nunca poder contrariá-los, despedaçá-los, o que dá, cada vez mais, a sensação de estar fazendo a coisa certa, de ter feito uma boa escolha, e isso traz uma sensação maravilhosa. Aquela sensação de volta de fé em alguma coisa, de fé que embora tudo ali por perto possa parecer meio sem graça e cruel, em algum lugar do mundo, por mais distante e intocável que seja, há a coisa certa, há alguem gentil, interessante e engraçado [pelo menos até descer do palco]. Ou qualquer outra qualidade que a faça sentir bem. Sentir do melhor jeito do mundo.
Mas ai ela cresce, olhar já não é o bastante, ela precisa buscar aquele 'melhor sentimento' por perto, alguém que a faça sentir daquele jeito quando a abraça, não somente quando sobe um tom no refrão. Mas encontrar essa pessoa se torna cada vez mais dificil.
Por que lá no mundo impossível pode ter alguém sensacional e em sua vida não tem ninguém que te faça sentir frio na barriga depois do primeiro encontro? Por que ele não pode só sorrir daquele jeito, ou achar seu vício por videogame divertido e não somente infantil? Por que ela teve a sorte de ver alguém tão sensacional na televisão, e ali, no mundo dela, não encontra ninguém que a faça sentir histérica daquela forma?
Eu te digo, minha linda, é porque aquele cara da televisão nunca existiu de verdade, era só a carcaça dele preenchida pela sua imaginação.
-Eu sempre soube disso, só não sei porque ninguém mais me faz sentir daquele jeito...
Não soube. De alguma forma você achava que tudo aquilo estava ali de verdade e desde então não aceita nada menos de você e das pessoas à sua volta. A sensação é de que você teve um relacionamento maravilhoso algum dia e que agora não aceita nada menos que isso. Você nunca teve um relacionamento perfeito, ninguém nunca teve.
Tá bom, pode ouvir essa música uma última vez, mas depois que ela acabar você vai precisar admitir que a solução e o problema foram você o tempo todo.

domingo, 11 de julho de 2010

Great divide

-Do que você 'tá rindo ?
Como assim ? De você, obviamente.
-Agora acha que tô ficando louca ?
Não, eu sei o quão lúcida você é, mas você acha que tá louca. Ou gosta de fingir que acha. É mais fácil fingir que vive em outro mundo do que resolver os problemas desse, né ?
-Quais problemas? Eu não reclamei de nem um.
Claro, você não tem nenhum porque tem essa mania infantil de fantasiar com todas as coisas impossiveis.
-Impossíveis por quê? Da última vez você disse o mesmo, e no entanto...
No entanto o que? Você tanto fez que destruiu anos de paz na sua vida? É, eu tava mesmo errado... Eu poderia elencar uma lista exemplificativa de motivos pelos quais essa idéia é completamente impossível, mas são quase que exatamente os mesmos da ultima vez.
-Da última vez funcionou...
Se tivesse funcionado você não estaria ai tentando arranjar outro problema.
-Não é mais um problema, eu nem lembro mais do rosto dele
E ainda insiste em dizer que funcionou?
-Talvez você esteja certo...
Obrigado por admitir, mas isso não vai mudar nada pra você, vai?
-Acho que não, eu ainda sinto. Todos os nossos limites são estabelecidos por nós mesmos, estou tentando me livrar disso.
Não sou bom com discursos, mas vou tentar pra acabar com toda essa chateação:
Limites não são coisas materias, eles podem ser cruzados, em algumas vezes até com certa facilidade, mas há uma razão pra existirem: eles NÃO DEVEM ser cruzados. Há duas circunstâncias onde nada de bom acontece, depois das duas da manhã e além dessas linhas imaginárias que você gosta tanto de chamar de 'limitação'.
-Mas e se compensar? I mean, e se depois dessa linha esteja tudo o que nós dois quisemos a vida toda? Você não pode afirmar que não seja assim.
Nem você pode garantir que seja.
-Exato! Por isso essa divisão de mundos não faz sentido. Eu não vou descobrir se compensa estar lá se nunca estiver...
Essa divisão é a única coisa que faz sentido na sua vida desde os 12 anos, a explicação é simples: você não quer descobrir. Você não suportaria. Todo o seu mundo real foi constuído sobre essa dúvida e sobre a esperança da resposta afirmativa, você não suportaria uma negativa.
-I find hope and it gives me rest...
Aceita de uma vez que alguns dos seus desejos só existem pra não serem concretizados. Anda, te veste e pára de inventar.
-Eu tô vestida. Por que você tá rindo denovo ?
Você vai sair assim?

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Framboesa.

Nossas semelhanças são o que tornam tudo mais difícil, principalmente por eu ter consciência delas e você, nem sempre.
No intuito de me respeitar, você diz tudo o que eu sempre soube e sempre aceitei para não ter de ouvir todas aquelas verdades, ditas por sua voz grossa, e ter de te deixar ver, em meus olhos, o quanto não me importo com elas.
É essa a verdade que evito te dizer: eu não me importo. Eu convivo com todos os seus defeitos e qualidades em mim e sei que nossa maior característica é não se importar.
Não te deixei aproximar pelo potencial de fingir boas intenções de forma suficientemente convincente, te deixei aproximar pelo contrario, porque achei que você não fingisse. Isso seria perfeito, já que eu não me importo.
A primeira vez que te vi, vi um descontrole de sentidos, como se seu tato, paladar e audição absorvessem tantas informações ao mesmo tempo que essas informações não tinham tempo de serem absorvidas e transmitidas a diante, se resumindo em risadas altas, contrações musculares faciais e pronuncias confusas. Foi por isso que fiquei fascinada, por tanta informação que me interessava presas dentro de algum lugar, presas dentro de você.
Você não precisou dizer, não precisou fingir; eu só preciso botar as mãos em você, você só precisa brincar com uma mecha do meu cabelo e sentir gosto de côco.
Essa é a segunda verdade que eu não te digo: eu só me importo em te sentir com cada um dos meus sentidos, para que cada uma daquelas informações se transmita pra mim e se contraia nos meus músculos faciais. Não é complicado, eu só me fascino por sentir sua confusão, ouvir suas notas, sentir cheiro de bala de framboesa e sentir gosto de côco, independentemente do que isso signifique, independentemente da moral e dos bons costumes, sem precisar de explicações ou pedidos de desculpas.
Enquanto escrevo isso do lado de trás de uma foto sua, você fica ali me olhando com aquela confusão, e eu espero que ao ler algo do tipo, seus músculos faciais se contraiam de modo a formar um sorriso. Os meus fazem.

domingo, 9 de maio de 2010

Corpo fechado.

"Abaixe seu rosto
Então deixe o suor cair sobre o meu peito
Eu estou tão absorto que isso te faz sorrir
Feche seu corpo
Não, nunca me deixe sair
E como eu tentei me esconder dos seus dons
Em vão, em vão....

Hoje eu acordei mais cedo
E não consegui dizer
O quão fechado estava o tempo
Eu não quis sair porque
Hoje amanheceu chovendo
Então eu preferi olhar os seus olhos entreabertos
Censurando o vento

Limpe o seu coração
Deixe o amor fluir mesmo imperfeito
Não, nunca me deixe sair
E como eu tentei me esconder dos seus dons!
Em vão..."

domingo, 11 de abril de 2010

Mente

Eu até já me esqueci de você. De você e de todos os corpos onde você esteve representado.
Esqueci de cada filme que assisti deitada em seu peito, sem conseguir destinguir direito a sonoplastia das bastidas do seu coração, de cada olhar de intimidade que trocamos, de cada lingua e idioma que conhecemos, de cada noite fria, de cada noite de sono mal dormida no sofá, de cada serenata, do nosso lugarzinho preferido, cheio de areia, dos nossos gostos e paladares.
De tudo o que esqueci, a única coisa que me faz falta é sentir alguma coisa, sentir raiva, sentir amor, sentir simpatia, achar que o dia amanhaceu mais bonito depois de uma noite com você; achar que o mundo acabou depois de um dia de indiferença. Sentir a mim mesma, sentir minha essência. Eu nem lembro mais como é sentir, nem sinto mais frio.
Dizem que isso é amadurecer, é crescer com a dor, aprender com a dor, mas não vejo vantagem. Não vejo vantagem em ter me tornado fria como cada versão de você que já me machucou, tão oportunista como cada você que me usou, que me esgotou emocionalmente como quem não percebe seu feito.
Admito que, agora que me tornei uma versão feminina do seu monstro, eu entendo como todos os você puderam ser tão crueis. Nós somos odiosos e nem nos importamos com isso, normalmente até achamos graça mas, no fundo,todos nós sabemos que não há graça nenhuma em tornar todas as pessoas em quem tocamos, mais cinzas. Nós sabemos porque, mesmo tendo esquecido, toda vez que olhamos um nos olhos do outro nós vemos aquele brilho, sabemos que algo ainda está lá e como isso esquenta cada pedaço de nós.
Acredito que, como todos os você antes incompreendidos, eu aprendi como evitar esse mal estar de lembrar que um dia eu podia sentir: é só nunca mais olhar nos seus olhos.
Amém.

segunda-feira, 1 de março de 2010

waking life

Essa noite tive um sonho no melhor estilo Waking Life, com um pouco menos de filosofia e muito mais de reflexão.
Quando eu acordei senti um misto de raiva com frustração. Por todas as pessoas pra quem me dei completamente e um dia acordaram enjoadas de receber.
Depois rolou toda aquela reflexão consciente de como é que eu nao percebi, de onde foi que começou a dar errado e essas coisas. Ai a raiva e a frustração se viraram contra mim, contra a minha mania de sempre me guardar, de sempre me fechar, e de depois eleger periodicamente alguém em quem despejo tudo o que guardei durante a campanha eleitoral. Até ser o suficiente.
Quando já é o suficiente pro meu principe-eleito-da-vez, eu pego tudo o que ele me deu, todas as palavras, todos os carinhos, todos os gostos, todos os cheiros, todos os toques, todos os sorrisos, todos os pêlos, toda a saliva, cada gota de suor passada do corpo dele pro meu, e trago de volta pra dentro do meu casulo e remoo o máximo de vezes possivel, me dando o direito de passar por todas as fases: a da saudade, do amor não correspondido, da raiva, da frustração, da indiferença e da provocação.
Racionalmente acho que tudo isso deveria abalar minha auto estima, mas muito pelo contrário, só me dá gás e força pra ficr cada vez mais fechadinha no meu casulo, até resolver desabrochar denovo.
A cada eleição a intensidade aumenta. Tenho medo que chegue um dia quando eu desisto de sair dali e passo o resto do tempo enloquecendo com todas essas coisas que trago aqui pra dentro pra remoer.
Enquanto isso não acontece eu só torço pra que dessa vez seja diferente. Inusitado e diferente. Que cada lembrança que eu tenho não se resumam só nisso.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Amor de Carnaval.

Eu não acreditava em paixão/encantamento à primeira vista até o ver me defendendo das brincadeiras típicas do feriado.
Antes de acreditar eu não achava que pudesse me hipnotizar por um par de olhos verdes em tão pouco tempo, que pudesse me viciar no gosto do seu álcool.
Cada minuto de atenção, cada sorriso viciante, desde o primeiro, me fizeram torcer pra que no próximo minuto ele não fosse embora com o seu sotaque curtir o feriado da curtição.
E ele não foi, fazendo, por algum motivo, cada beijo ser o melhor, me fazendo vibrar a cada toque, me deixando com o coração grande a cada gesto ingênuo - e os outros -, a cada vez que sentia seus lábios tocarem meu rosto, e suas mão que me cuidavam.
Me viciei desde o primeiro olhar de homem e o primeiro sorriso de menino, o primeiro beijo carinhoso e o primeiro toque. Em seu gosto e sua voz que não me deixam em paz.
Em uma noite já tenho nossos lugares preferidos, nossos toques preferidos, nossas próprias piadas.
Até amanhã, quando o carnaval termina.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

"terça-feira, 7 de agosto de 2007

Às vezes paro pra pensar sobre qual o pior sentimento já sentido por alguém. Quase sempre entro num consenso comigo mesma de que o pior é a frustração, mas em momentos de luz, vejo que é o descarte. O maldito descarte que todo o mundo vive fazendo com todo o mundo o tempo todo.
Depois de algum tempo se lamentando por isso você acha que aprendeu a conviver com a conciência de que vai ser jogada fora na seqüência e passa a não se importar tanto com isso. Até que acontece:
Seu herói aparece como num passe de mágica e a contragosto você sente que voltou a ter 13 anos, volta a acreditar em tudo aquilo que você passou anos pra aprender a desconfiar, passa a sentir que tudo faz sentido, finalmente, e toda aquela dependencia emocional - logo, irracional - que você precisa ter em alguém começa a acontecer, e quando chega ao seu auge, some.
Você, compreensiva como sempre tenta ser, espera que seu herói tenha ido salvar o resto do mundo e já volte pra te salvar do inferno em que ele mesmo te colocou.
Ele volta, mas não te salva. Provavelmente encontrou alguma Louis Lane ou Mary Jane pelo caminho, alguém que se importe menos.
E você se pergunta, denovo, onde tudo se perdeu. E, pra variar, não consegue achar nem onde começou.
E finalmente você volta àquela velha luta de tentar fazer alguém entender que se torna eternamente responsavel por aquilo que cativa, mas por mais que você grite ou por mais que se cale pra que seu herói se dê conta de que está se tornando o bandido, ninguém vai ouvir. Agora você volta a ser a figurante que ressalta o brilho da mocinha.
Parabéns."

 
E é isso. Foda-se-quanto-tempo-depois e ainda é isso.
Ontem um amigo inteligente me disse que é assim porque as pessoas se cansam. Por algum motivo eu nunca tinha pensado nisso dessa forma, ou nunca tinha dito em voz alta pra não precisar admitir. 
Acho que é a hora de começar a aceitar que vou ter que conviver com isso, com sorrisos sedutores que propositalmente fazem promessas bobas - a mais cruel delas é a de permaneces alí - , com sons de risadas que vão me atormentar por noite a fio, com expressões, microexpressões e termos que, na verdade, não significam nada.
In an mmmbop they're gone, in a mmmbop they're not there.
Os hanson tentam me avisar desde que nasci.